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Subida vertiginosa das acções do BES fez soar alarme na CMVM
Uma ordem para a compra de um bloco de acções do Banco Espírito Santo (BES) levou os títulos a dispararem 32% perto do final da sessão de ontem para os 6,20 euros. Logo em seguida, a cotação voltou para os 5,00 euros. A transacção fez soar os alarmes na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que está a recolher os dados e a analisá-los.
Às 16h17 a cotação do BES seguia nos 4,751 euros quando começou a disparar até chegar aos 6,2 euros, três minutos depois. O preço foi trepando numa sucessão de mais de 40 negócios envolvendo cerca de 50 mil acções. Às 16h21 minutos a cotação caiu abruptamente para os 4,9 euros, para encerrar nos 4,8 euros.
A possibilidade de se tratar de uma ordem errada é posta de parte pela NYSE Euronext. Fonte oficial da empresa gestora da bolsa de Lisboa afirmou que os "negócios foram efectuados pelos mecanismos normais de mercado", acrescentando que "as ordens foram confirmadas várias vezes".
"Não há indicação de que se tenha tratado de algum erro", reiterou a mesma fonte. Em caso de engano, os intermediários financeiros dispõem de alguns minutos para cancelar os negócios, devendo justificar a razão do pedido. O que neste caso não aconteceu.
Na origem da forte valorização poderá estar uma ordem para a compra de uma quantidade elevada de acções, ao melhor preço. Ou seja, a corretora vai adquirindo os lotes disponíveis para venda no mercado até conseguir satisfazer a ordem, sem limite de preço. Se houver pouca liquidez, o valor pago tende a subir, como aconteceu.
Os corretores têm acesso à chamada profundidade do mercado.
Ou seja, sabem em tempo real quantas acções há para compra e venda, e a que preço. Se a procura for elevada e a oferta baixa, um corretor que esteja a vender pede um valor alto para ceder os títulos.
O comportamento das acções do BES foi detectado pelo sistema de vigilância de abuso de mercado da CMVM, conhecido pela sigla SIVAM. Este sistema informático analisa em tempo real a negociação e emite alertas em determinadas condições do mercado, nomeadamente quando a cotação regista uma variação muito elevada.
Contactada pelo Negócios, fonte oficial do regulador disse que estão a ser recolhidos os dados das transacções, que depois serão analisados.
As acções do BES terminaram em alta, com uma valorização de 1,91%, depois de terem estado a cair 2% no início da sessão. Um desempenho contrário aos restantes bancos portugueses cotados e ao sector na Europa. O BCP, que chegou a cair para um novo mínimo histórico, fechou a ceder 0,5%, enquanto o BPI perdeu 2,86%.
O índice que acompanha o desempenho dos bancos da Zona Euro caiu ontem 7,25%, depois da agência de "rating" Moody's ter vindo afirmar que vai rever as classificações de dívida das instituições financeiras americanas. De entre os 39 membros do índice, apenas o banco liderado por Ricardo Salgado registou ganhos.
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In [URL="http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=357606"]Jornal de Negócios[/URL]
Isto faz-me lembrar os anos 90 ou inícios do novo milénio, em que nos últimos minutos, estávamos atentos e lá tentávamos mandar uma ordem de compra de 1 acção ao melhor preço parar, e assim uma única pessoa era capaz de ditar a cotação final diária de uma acção a nível nacional, e chegava essa pessoa a conseguir fazer isso 2 3 4 dias seguidos, ajudando assim uma cotação a subir uns 2 3 4% ou mais em red chips, sem esforço.
Era comum ver um grupo de pessoas a tentar mandar ordens de 1 só acção nos últimos segundos com os seus relógios afinados, para tentar ajudar a sua acção de eleição a subir mais uns porcentozitos no final, empresas de baixa liquidez e com spreads altos e fáceis de fazer subir um pouco.
Agora neste caso, será distracção ou pura ingenuidade.
Ingenuidade se tiver sido alguém que queira de forma propositada atirar uns muitos milhares de acções de compra ao melhor preço na expectativa de, vendo que a profundidade de lotes de oferta o permitia, fazer a acção fechar a subir 32%, como nos bons velhos tempos sem o tal período de pré-fecho, e assim acabaria por querer gastar dinheiro a mais e comprar acções a preços mais elevados que o normal sem qualquer efeito prático, já que o valor de equilíbrio o viria a desapontar posteriormente.
Distracção se for um azarado que pensasse que o BES, "grande como é", iria ter mais do que acções suficientes nos vários níveis de preços acima, para suportar uma ordem ao melhor daquele valor, e que subiria no máximo 0,5% com aquilo, se tanto. Por azar havia muito menos lotes de oferta e com mais espaçamento do que pensava, e lá apanha um susto com isto.
Agora foram 250.000€ podendo ser assim algo diferente dos dois casos acima, 40 negócios de 40 pessoas diferentes ou só uma, etc? Era útil saber mais sobre isto a título académico, de qualquer das formas fez-me lembrar dos bons velhos tempos em que qualquer pessoa manipulava mercados, e eram milhares a fazê-lo, mas claro que me referi acima a red chips as grandes eram mais difíceis, bem mais (dificuldade medida em dinheiro).