Bem vindo ao Bolsa PT - Inside Forum & Portal de Bolsa.
Bem vindos ao Fórum do Portal BolsaPT! Inscrevam-se e participem na nossa comunidade, poderão pedir opiniões e Análises Técnicas às vossas acções, colocar dúvidas, aprender, partilhar ideias, ajudar outros, etc. Além das cotações, gráficos, análise técnica interactiva, históricos, terão simulação de carteiras, alarmes, e muito mais virá no futuro. Lembre-se que se pode logar com o seu login CanalForex!
Fórum GeralFórum dedicado a assuntos da nossa Bolsa de Valores em Geral, as vossas carteiras, rumores nas salas de mercados, dúvidas sobre Bolsa e investimentos.
E se o domínio do dólar for uma das vítimas da crise internacional?
Citar:
G20 daqui a alguns dias
E se o domínio do dólar for uma das vítimas da crise internacional?
27.03.2009 - 09h28
Por Sérgio Aníbal
Paulo Pimenta (arquivo)
China, Rússia, Brasil e África do Sul estão entre os países que pretendem uma nova divisa internacional de reserva dominante
Será que o dólar - e o seu domínio incontestado como principal divisa de reserva dos bancos centrais e de transacção nos mercados financeiros - vai ser uma das vítimas da actual crise?
A questão, até há pouco tempo inimaginável, começa a ser repetida cada vez com mais frequência à medida que a data da próxima cimeira do G20 se aproxima.
No próximo dia 2 de Abril, os países emergentes - politicamente reforçados pelo crescimento económico registado durante a última década e pelo facto de não terem estado na origem da actual crise internacional - não querem que se discuta na capital britânica apenas a melhor estratégia de curto prazo para sair da crise (como querem os EUA) ou o futuro modelo de regulação financeira (como prefere a Europa).
Países como a China, Rússia, Brasil e África do Sul têm um objectivo ainda mais ambicioso: revolucionar o modelo de funcionamento do sistema monetário vigente nas últimas décadas e criar uma nova divisa internacional de reserva dominante.
O último grande apelo neste sentido foi feito sob a capa de um estudo científico. O Governador do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, assinalou, num artigo publicado na página de internet da instituição que lidera, que o actual uso do dólar como divisa de referência em todo o Mundo é "um acontecimento raro na história" e defendeu que é necessária uma divisa de reserva internacional que "esteja desligada de nações individuais e que seja capaz de se manter estável no longo prazo".
A solução, disse, é o Fundo Monetário Internacional (FMI) criar uma "superdivisa internacional de reserva", que poderia nascer do reforço dos actuais Direitos de Saque Especiais (DSE), criados em 1969 e que estão alocados a cada um dos países membros do FMI. O seu valor é definido de acordo com um cesto de moedas constituído pelo dólar, euro, iene e libra.
Há duas semanas, a Rússia anunciou que iria na cimeira do G20 (que reúne as maiores potências económicas mundiais em conjunto com as principais economias emergentes) apresentar uma proposta para a criação de uma nova divisa de reserva emitida pelas instituições de carácter internacional.
Os defensores de um reforço significativo da utilização dos DSE dizem que teria a vantagem de ser uma forma eficaz de evitar a criação de desequilíbrios na economia mundial, ajudar a financiar os países em desenvolvimento e dar maiores recursos ao FMI para combater crises financeiras graves.
Quando Keynes estava em Bretton Woods a desenhar uma nova arquitectura financeira internacional defendeu a criação de uma divisa internacional, mas a ideia não foi aceite, o que levou décadas mais tarde ao domínio incontestado do dólar.
É que, como Keynes se apercebeu muito rapidamente, defender a ideia em termos teóricos é bastante mais fácil do que passá-la à prática. Para uma moeda conquistar a liderança mundial é preciso tempo e uma complexa conjugação de factores. O dólar assumiu o papel de domínio actual, desalojando a libra britânica, apenas depois de várias décadas, que incluíram duas grandes guerras mundiais e severas crises económicas internacionais.
Agora, o dólar representa mais de 60 por cento do total das reservas oficiais mundiais. O euro, a divisa que nas últimas décadas mais ameaçou a hegemonia norte-americana, não passa de um quarto do total mundial.
Paul Volcker, antigo presidente da Reserva Federal norte-americana, reconheceu esta semana que o papel do dólar "vai merecer mais atenção durante este ano do que durante a última década", mas considerou que "a ambição de um sistema monetário internacional completamente novo, onde o papel do dólar seja subitamente reduzido, não é prática". "Isso apenas aconteceria se ocorresse um colapso do sistema a que ninguém quer assistir", disse.
A principal oposição vem, claro, dos EUA.
Ter o dólar como principal divisa de reserva internacional tem permitido a sucessivos ocupantes da Casa Branca gerir com muito mais facilidade os excessos cometidos na maior economia mundial.
A dívida orçamental e externa que tem vindo a ser acumulada é, com alguma facilidade, financiada porque em todo o Mundo há sempre quem esteja interessado em investir em activos na divisa de referência, o dólar.
Dualidade chinesa
Quem também tem a perder com uma queda abrupta da divisa norte-americana do seu lugar de destaque é, curiosamente, a China. As autoridades de Pequim têm sido um dos principais financiadores do défices norte-americanos, investindo os seus excedentes na compra de obrigações do Tesouro dos EUA e outros títulos denominados em dólares. Estima-se que actualmente metade das reservas chinesa (ou um bilião de dólares) estejam ligadas à divisa norte-americana.
Isto faz com que, apesar do desconforto crescente com que vêem esta sua dependência face aos EUA, Pequim não possa para já dar-se ao luxo de desencadear um colapso do dólar, que provocaria uma desvalorização insustentável das suas reservas.
Este problema chinês ficou notório no facto de, no mesmo dia em que o Governador do banco central publicou o seu estudo, a agência encarregada dos investimentos chineses emitiu um comunicado a dizer que iria continuar a comprar obrigações do Tesouro norte-americanas. Os EUA não querem a queda do dólar e a China não pode provocar o seu colapso. No entanto, a verdade é que nos mercados, a sensibilidade da divisa norte-americana ao debate em torno do seu papel no sistema monetário internacional é cada vez maior.
Na quarta-feira, bastou que Timothy Geithner, o secretário do Tesouro, dissesse que "estava aberto" a considerar as propostas chinesas e russas de reforço de reforço dos DSE para que o dólar caísse mais de um por cento face ao euro durante os minutos seguintes.
Foi preciso que um antigo colega do Tesouro lhe pedisse para esclarecer a sua posição para Geithner afirmar que o dólar vai manter o seu papel e os mercados acalmarem.
Ainda assim, com a Reserva Federal a imprimir dinheiro em larga escala para estimular a economia é provável uma continuação da pressão sobre a moeda americana.
Para a Europa - e particularmente para as suas empresas exportadoras - esta fragilidade do dólar e o reforço do euro é mais uma dificuldade no já sombrio panorama actual.
In [url=http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1371145&idCanal=57]Público[/url]
Está para breve o tão esperado por muitos há anos fim do Dólar como moeda mundial.