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A economia portuguesa deverá registar um crescimento negativo de 3,5 por cento, este ano, e a recuperação, a iniciar-se com lentidão no próximo ano, só terá expressão a partir de 2011. O governador do Banco de Portugal anunciou uma inflação negativa de 0,2 por cento e afastou o cenário de deflação, garantindo que os preços vão continuar a subir.
A anterior projecção do banco central, divulgada em Janeiro, apontava para uma evolução negativa de 0,8 por cento, em linha com a actual previsão do Governo. Nos últimos meses, o governador do Banco de Portugal deu a entender que este número seria revisto em baixa, já admitindo uma redução superior ao registado durante a recessão de 1994 (recuo de 1,4 por cento).
"Dada a alteração rápida e profunda da informação disponível nos últimos meses" o Banco de Portugal decidiu alterar as suas projecções sobre o desenvolvimento da economia no corrente ano, declarou Vítor Constâncio, durante a apresentação do Boletim económico da Primavera.
A recessão de 3,5 por cento este ano é "um pouco melhor do que a média da área do Euro", notou. Segundo Constâncio, a revisão do quarto trimestre de 2008 feita pelo Instituto Nacional de Estatística alterou "radicalmente"
O governador do Banco de Portugal avisa que "todas as previsões estão rodeadas de uma enorme incerteza" e afirmou que economia portuguesa está dependente da economia europeia, dando a entender que a recuperação em Portugal só deverá acontecer depois dos primeiros sinais na Zona Euro.
Queda do PIB influenciada pela descida no consumo privado
O banco central justifica a contracção pela descida nas previsões para o consumo privado, as exportações e o investimento.
As famílias devem consumir menos 0,9 por cento em 2009, penalizando o sector dos bens duradouros e não duradouros. A redução do consumo privado deve-se à deterioração das condições de trabalho e a uma maior incerteza sobre os rendimentos futuros.
As vendas ao estrangeiro devem cair 14,2 por cento e o investimento pode reduzir-se em 14,4 por cento, por causa das descidas na componente empresarial e residencial.
Inflação negativa não traz redução de preços
A previsão divulgada esta terça-feira aponta para uma taxa de inflação negativa em 0,2 por cento, em virtude do aumento do rendimento disponível resultante do crescimento dos salários e da redução de preços.
Constâncio sublinha que o cenário de deflação não se coloca. "A maioria dos preços continuará a subir durante o ano", garante.
"A redução do índice geral de preços do consumidor distingue-se de uma situação de deflação, na medida em que traduz uma redução temporária e muito condicionada pela evolução dos preços dos bens energéticos, os quais deverão registar uma forte queda", refere o Boletim económico da Primavera.
Em Janeiro, o banco central estimava que a taxa de inflação subiria 1 por cento.
Para se verificar uma situação de deflação é necessário verificar-se uma descida generalizada e persistente dos preços e que os agentes económicos assumam que esta descida continuará, com efeitos nas despesas de consumo.
O desemprego foi outro dos factores referidos, na apresentação das novas previsões do banco central. Os despedimentos são menos dos que a dimensão da recessão "pareceria indicar, uma vez que o comportamento normal das empresas é o de tentar conservar os seus trabalhadores, na expectativa de a quebra do crescimento ser temporária", disse Constâncio.
Ministro das Finanças admite rever as metas para 2009
Teixeira dos Santos considera, para já, que a prioridade é a implementação das medidas anti-crise e centra o discurso no reforço do investimento público, como o procedimento mais eficaz para ultrapassar a recessão.
O ano de 2009 será aquele em que se regista a maior acentuação da recessão, "será o pior que termos nestas últimas décadas e as projecções indicam que a partir de 2010 a situação da economia mundial comece a melhorar".
Teixeira dos Santos refere que a economia portuguesa só conhecerá sinais de retoma, após as congéneres europeias terem iniciado o seu processo de recuperação.
In [url=http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Banco-de-Portugal-preve-recessao-de-35-por-cento.rtp&article=213637&visual=3&layout=10&tm=6]RTP[/url]
Banco de Portugal prevê recessão de 3,5 por cento
