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O abuso do telemarketing

“De tempos a tempos por força de um tão obsessivo quanto invasivo telemarketing sou alvo de um desses telefonemas não desejados a prometer mundos e fundos ”

05-09-2008, [EMAIL="%20seconomico@economicasgps.com"]Bagão Félix[/EMAIL]

De tempos a tempos por força de um tão obsessivo quanto invasivo telemarketing sou alvo de um desses telefonemas não desejados a prometer mundos e fundos ou a instigar uma mudança de fornecedor, tarifa, marca ou serviço.
Nesta prática e com a maior das desfaçatezes usa-se e abusa-se de dados pessoais e cruzam-se informações que, às vezes sem nos darmos conta, “autorizamos por default” no rodapé quase invisível de um dispensável cartão.
No telemarketing telefona-se às horas mais inconvenientes, dia ou noite, à semana ou ao domingo, à hora de trabalho ou de refeição, aqui ou no estrangeiro (com roaming por conta do atingido!), quase sempre deselegantemente via número confidencial, através de um qualquer trabalhador precário de uma qualquer empresa intermediária subcontratada pela operadora de um qualquer serviço ou de um banco ou empresa financeira.
Nada tenho contra quem exerce este trabalho que tem tanto de precário e mal remunerado no emprego como algum do que o primeiro-ministro anuncia, em call centers e quejandos, com a habitual propaganda ilusionista. Mas é manifesta a deficiente formação profissional que lhes é garantida. A conversa é quase sempre a mesma: trata-se o interlocutor pelo primeiro nome como se tratasse de uma pessoa lá de casa (!), debita-se mecanicamente uma lengalenga que não resiste a mais leve interpelação fora do guião, e até já se chega ao cúmulo de querer saber de opções pessoais tomadas que, por certo, uns mais incautos ou distraídos dirão angelicamente.
Talvez fosse oportuno a Comissão de Protecção de Dados rever toda esta parafernália.